Retalhos da Minha Infância
Histórias que vivi e de que ainda me lembro.

sábado, 13 de abril de 2013

O nariz quebrado

A casa onde morávamos, parecia um labirinto de tantas emendas que já havia recebido desde o início de sua construção. Era moradia, moinho, roda d'água, porque por baixo dela também passava um arroio, debulhador e descascador de arroz e armazém na outra ponta. Tudo sob o mesmo teto. No sótão, em cima da moradia, ficavam nossos dormitórios, depois uma parte onde brincávamos e no resto era seleiro e guarda entulhos. Tinha escadas diversas, para a moradia e para o moinho. No moinho havia três lances de escadas. Em tudo tinha portas de ligação.
Minha irmã e eu gostávamos de brincar de esconder. Entrávamos por um lado e saíamos por outro, inclusive dava para sair pelas janelas do quarto e passar para o telhado, entrar na outra janela, ou descer por uma árvore, um pé de caqui de chocolate, que ficava bem encostado da casa. Tudo era interligado.
Corríamos por todos os lugares desta grande casa, inclusive por todas as escadas que, no moinho, não tinham corrimão.
Quando aconteceu este incidente, minha irmã deveria ter seis ou sete anos. Na pressa de encontrar um bom lugar para se esconder, ela caiu de uma escada no moinho e bateu o nariz num degrau de pedra. O seu nariz arrancou fora e dobrou para trás, isto é, para cima, deixando à mostra um buraco em seu rosto. 
Todos ficaram apavorados. Enrolaram ela em panos e a levaram ao hospital onde ela ficou um bom tempo, com caninhos introduzidos no nariz. 
Mas tudo acabou bem.  Todos se recuperaram deste grande susto e em minha irmã quase não sobrou nenhuma cicatriz. E nossa brincadeira pelas escadas... novamente continuou.
Fotos ilustrativas - não tenho fotos.

Onde estão as gurias?

Éramos, minha irmã e eu, muito pequenas ainda: na idade em que se acorda muito cedo da manhã.
Vivíamos longe do centro da vila, num  sítio  grande, onde tínhamos vacas, porcos, galinhas, marrecos, todos os tipos de árvores frutíferas, plantações e alguns açudes onde se criavam peixes.
Um destes açudes, o maior deles, não tinha peixes grandes, só pequenos lambaris. Nele nadavam os marrecos e nós tomávamos banho, numa parte mais rasa.
Desde muito pequenas estávamos acostumadas com a água. Com quatro anos eu já sabia nadar. Durante toda nossa infância, nos verões, passavamos, grande parte do dia, dentro d'agua, nadando, mergulhando e saltando dos trampolins.
Mas, numa manhã, quando nossos pais se acordaram e 
foram até nosso quarto, encontraram as camas vazias. Mamãe levou um susto e logo também percebeu que a porta da rua, que naquela época nem se trancava, estava escancarada.
Correram em volta da casa, foram aos estábulos, aos galinheiros, mas nada de nos encontrar. Então resolveram verificar no açude mais próximo e, realmente, lá estávamos, na maior folia, mergulhando e nos divertindo às seis da manhã!


Fotos nossas